Sol ofuscante que inunda todo o universo com Teus raios, abre o Lótus do meu coração diante de Tua Luz, eu Te imploro, ó Arunachala! V.27
Ali (no coração) repousas tranquilamente! Deixa-me submergir no Teu mar de alegria...
domingo, 5 de junho de 2011
O mistério do amor
O amor é verdadeiramente divino e misterioso; sua profundidade e sua altura são imensuráveis; quanto mais se pensa nele, mais gosto se adquire e maior ele fica.
Talvez, não querendo se apresentar diante dos homens Deus em seu lugar, enviou "amor" à terra e, através do seu estudo, estimulou os homens a compreender a Sua verdadeira imagem; ao mesmo tempo, fez com que ele se tornasse uma fonte de estudo para os homens.
O mistério do amor é a sensação da presença de uma força invisível.
Agora, vou contar-lhes uma história sobre o mistério do amor:
" Num passado remoto, havia um velhinho que não tinha filhos nem netos; vivia triste e solitariamente. No templo onde ele morava, longe da cidade, vez ou outra, as crianças da vila vinham brincar. O mais travesso se chamava Tarô. Ele tinha treze anos e morava com a irmã e o marido dela, pois perdera os pais ainda pequeno.
"Certo dia, quando Tarô brincava na escadaria de pedra do templo, três pardais pousaram próximos de onde ele brincava e começaram a conversar. O primeiro disse:
"A coisa mais maravilhosa deste mundo é o Sol. Como ele está sempre radiante no céu, nós conseguimos ver este mundo multicolorido, e as plantas e flores ficam muito felizes; o arrozal e o trigal crescem abundantemente e nós, pardais, recebemos, de graça, sua dádivas. Se o Sol se escondesse, este mundo se transformaria em trevas e nenhum ser conseguiria sobreviver. Nós pardais, somos sempre gratos ao Sol, por isto nunca matamos uns aos outros. Os homens, no entanto, são atrevidos e fazem o que bem entendem, porque o Sol está sempre raiando com um sorriso; brigam, praguejam, e alguns tolos até fazem guerras. Se continuarem assim, o Sol ficará desgostoso e talvez venha a se esconder".
" O segundo pardal, que estava ouvindo, começou a falar:
" Não, a coisa mais maravilhosa deste mundo é a água. Sem ela, nenhum ser consegue sobreviver. Se ficassem sem água por uma semana, mesmo os arbustos e relvas ressecariam. Sem água, nem o trigo, nem arroz vingariam, e nós morreríamos. Sem ela, mesmo os animais não conseguiriam sobreviver por mais de uma semana. Por tudo isso, a nossa vida é possível graças à água e é ela o que há de mais maravilhoso neste mundo. Nós, pardais, vivemos em solidariedade um com o outro porque temos gratidão à água, mas os homens ignorantes desprezam-na por ser gratuita e trabalham arduamente para comprar coisas fúteis como diamantes e jóias. Nós, pardais, estamos satisfeitos da forma como Deus nos pôs no mundo, e somos gratos pelo que temos; mas vejam os homens: estão quebrando a cabeça em busca de artifícios para impressionar os outros. Cada qual quer ser mais importante que o outro, mais rico que o outro. Tudo isso é uma piada!"
" A seguir, o terceiro pardal abriu o bico vagarosamente e começou a falar:
" De fato, como vocês disseram, tanto o Sol quanto a água são maravilhosos. Parece-me que as coisas mais valiosas deste mundo são aquelas cuja existência é considerada por todos como óbvia e que, por esse motivo, ninguém reconhece o quanto é bom tê-las. Entretanto, a despeito de não o percebemos, o que eu acho mais maravilhoso neste mundo é o ar. Mesmo que o Sol desapareça, mesmo que a água se esgote, ainda assim, poderíamos viver por alguns dias. Porém, se acabasse o ar, morreríamos em menos de um minuto. Só conseguimos perceber a sua importância quando alguém comenta a seu respeito; normalmente, é muito difícil reconhecer o quanto ele é importante. Contudo, nós, pardais, quando voamos no céu, inspiramos o ar e enchemos o peito, e somos-lhe grato. Mesmo os peixes, quando sentem falta de ar, vêm à superfície, respiram e agradecem. Em compensação, vejam os homens! Como são arrogantes?]! Voam pelo céu de avião e acreditam ser fruto da sua sabedoria. Na verdade o vôo é possível graças ao ar. O ar nada exige em troca. Nós lhe somos gratos, mas nunca os vi agradecer'.
" Quando Tarô ouviu essa conversa entre os pardais, ficou muito triste e pensou: ' Eu aprendi que o homem era o rei de todos os seres, mas nunca ninguém havia me dito o que acabei de ouvir dos pardais. Nunca tinha sentido a importância do Sol, da água e do ar, muito menos de ser grato. Como o homem é um ser ignorante e tolo! Somos inferiores aos pardais!'
"Tarô subiu correndo a escadaria de pedra. Os pardais voaram assustados e desapareceram do local. Apressado, ele foi procurar o velhinho do templo, contou-lhe o que acabara de ouvir e disse, chorando:
"Se o homem é tão ignorante assim, eu não deveria ter nascido homem, mas sim pardal!'
"O velhinho respondeu:
"Muito bem, Tarô, parabéns pela percepção. O homem é de fato, um ser ignorante que perdeu de vista as coisas mais maravilhosas da vida. Mesmo sendo um ser ignorante, esse pecado é perdoado por vivermos amando-nos mutuamente. O homem é feio. Porém, por mais que olhe a sua feiúra ela não desaparecerá. Deus deu a força mágica do amor para perdoar os pecados do homem e apagar sua feiúra. E, porque o homem tem amor, e graças à força misteriosa e divina do amor, foi-lhe concedida a posição de rei de todos os seres".
* Ryuro Okawa*
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