Quem, cansado de procurar a paz sem sucesso, chegava ao ashram de Bhagavan Sri Ramana percebia - logo nos primeiros instantes - que o grande aprendizado seria o de silenciar. No templo do silêncio, o Mestre era o Grande Silencioso Capaz de banhar o caminho de profunda Sabedoria.
O que estendemos nós, devotos de Ramana, sobre silêncio e simplicidade?
Será o Silêncio simplesmente ausência de palavras, ou o fim dos sons exteriores?
Não, Silêncio é muito mais que isso: é a cessação das atividades da mente.
O Silêncio é apenas um prelúdio do silêncio mental: é um disciplinador eficaz de nosso cotidiano. Todavia, lábios serrados podem esconder um grande barulho mental, provocado pelo engarrafamento de idéias, perguntas e inconformismo. Eis aí a farta fonte de angústia, cansaço, enfraquecimento e depressão. O barulho mental pode ser ensurdecedor, versos de Ramana nos dizem:
" Pela sua inconstância a mente impede-me de vos procurar e encontrar a Paz. Segurai-a e concedei-me a Vossa beleza , Ó Arunachala!"
É necessário que estejamos calmos, quietos, submissos e pacientes, para desvendar o que nenhuma palavra pode transmitir: a verdade, Mesmo a oração por palavras é um estágio a ser ultrapassado. É preciso vivenciar o silêncio da meditação. Este é o caminho para não mais dialogar com Deus, mas sim, integrar-se perfeitamente com aquilo que somos: divinos.
Precisamos fechar os cinco portas para o mundo exterior, que são os nossos sentidos, e caminhar em direção ao nosso interior: o coração espiritual, onde se encontra a Verdade que palavras não expressam, mas jamais se cala.
Somente silenciando verbal e mentalmente podemos ouvir a Voz do silêncio. Silenciosa e simples como o pôr-do-sol que embora realize o espetáculo das maravilhas - o faz em total quietude; simples como o desabrochar da natureza todos os dias. Simples e silencioso como o cume das montanhas e o olhar dos Sábios.
O Homem que ouviu a voz do Silêncio foi " invadido pelo universo". Nada o atinge, nada o macula, nada o torna infeliz. Aparenta ausência e vacuidade, mas É Infinita presença e transbordante plenitude.
O Homem que ouviu a vos do Silêncio quer nos conduzir a esta mesma bem-aventurança. O caminho não é fácil, mas é simples; mais do que simples, é seguro; mais do que seguro, é de amor e Paz.
Ramana freqüentemente citava o velho testamento:
" Fica em silêncio e Sabe que EU SOU DEUS".
Apesar disso muitos os devotos perguntavam a Ramana sobre o silêncio e Ele sempre os advertia:
" Algumas pessoas dizem que estão observando silêncio por manterem a boca fechada, mas ao mesmo tempo, escrevem isto ou aquilo em pedaços de papel ou em uma lousa. Será que seu voto é verdadeiro?" "Silêncio não é apenas deixar de articular palavras. É um estado que transcender as palavras e os pensamentos. O silêncio é sempre eloqüente ; é o eterno fluir da linguagem. A linguagem do Silêncio é interrompida pela fala pois as palavras interrompem essa linguagem muda". Através do silêncio, a eloqüência se manifesta. Silêncio interior é render-se ao Ser - Isso é viver sem ego".
Mas jamais se pense que o silêncio a que Ramana se referia fosse algo constrangedor ou imposto. Muito pelo contrário, era algo natural e pleno de tranqüilidade. Mesmo porque Ramana jamais deixaria de responder às perguntas que lhe eram feitas, sabendo-se que isto jamais quebraria Seu Silêncio Interior.
Certa vez uma emissora de rádio pediu permissão para gravar a Voz de Bhagavan. Ele riu e disse: " Ahá! Não diga! Mas a minha voz é Silêncio. Como podem gravar o Silêncio? Aquilo que É, é silêncio. Como poderiam gravá-lo?" E a permissão foi negada.
A voz do Silêncio é ouvida no olhar de Ramana!
" As palavras dos Sábios ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos dos que governam entre tolos" Eclesiastes 9:17