Ali (no coração) repousas tranquilamente! Deixa-me submergir no Teu mar de alegria...

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Buda (Consciência Crística)





Sua Vida

Infelizmente, hoje se relaciona Buda com uma estátua para culto ou com um mito distante na história. Outras vezes, considera-se o budismo como uma doutrina antiga, só compreensível para as mentes de outras épocas. No entanto, uma investigação mais profunda nos mostra que a base do ensinamento de Buda é a eliminação da dor, e a dor não é velha nem nova, é um mal que sempre atacou o homem. Essa dor comum nos conecta com aquelas pessoas que seguiram as palavras do iluminado.

 Na realidade, o caso de Buda é um dos mais extraordinários da história mística, pela clareza, serenidade, amor e verdade que encerra sua mensagem. Antigamente, uma mensagem mística não era uma simples obra literária ou mesmo uma especulação mental à qual se dava publicidade. A mensagem de Buda foi o fruto de uma longa experiência na busca daquilo que acalmaria o sofrimento humano. Profundas meditações deram como resultado a excelência da doutrina Budista.

Olhemos para trás, no tempo, e encontramos o esplendoroso Siddhârtha Gautama, na corte de seu pai, o rei. Apesar de ter à sua disposição imensas riquezas e variedades de prazeres, seu coração se angustiava com um problema: resolver o por quê da existência.

Apesar dos esforços de seu pai para tirá-lo das meditações misticas, conta a história que os deuses dispuseram de tal maneira os acontecimentos que o príncipe compreendeu o curso que deveria dar à sua existência.

Assim, enquanto passeava pelos floridos jardins reais, deparou-se com um ancião, um doente, e um morto, sucessivamente. Sua dor foi indescritível quando soube que nenhum homem pode escapar dessas três terríveis pragas: velhice, doença e morte. a parti desse momento nada mais consegui distraí-lo, continuamente pensava: como é possível desfrutar da alegria quando ao nosso lado há seres que envelhecem, adoecem e morrem?

Com esse interesse em seu coração, abandonou sorrrateiramente a casa real e entregou-se plenamente à vida de anacoreta(eremita que vive em retiro) para ver se nas austeridades conseguiria apagar a sombra que o perseguia.

Em vão, consultou os grandes mestres de sua época em busca de resposta ansiada. Em vão, também realizou os mais terríveis sacrifícios corporais. A única coisa que conseguiu foi debilitar-se ao extremo e perder inclusive a faculdade de buscar os segredos da vida. A ajuda inesperada da filha de um pastor o salvou, ao oferecer-lhe, humildemente, o alimento que iria recompô-lo. Nesse instante, compreeendeu que os extremos nunca seriam benéficos: nem o rigor excessivo, nem os prazeres desmedidos conduz à libertação. Somente o Caminho do Meio condiz com o Caminho da Lei.

Assim, fortalecido e sob o amparo de Árvore Bodhi, a Árvore da Sabedoria, recebeu a iluminação, que o livrou para sempre dos laços do nascimento, da velhice, da doença e da morte.

Esse processo, descrito assim em poucas palavras, é tão grande e excelso que escapa à compreensão da razão. Alcançar a iluminação è superar amplamente a etapa humana, chegar ao Nirvana, à libertação, é vislumbrar a Eternidade.

A filosofia ocidental concebe o Nirvana como o "nada", como um vazio sem existência nem valor. Porém, o Nirvana representa o fim da personalidade como existência, o fim da matéria, dos processos formais e concretos, para elevar-se à região de onde, em algum momento, vieram as almas humanas.

Um dos laços que mais dificultam a libertação do homem é o sentido de separatividade, o acreditar-se isolado e independente e não sentir-se como parte de um Todo harmônico. Logicamente, quem se conforma com sua "parte" não aspira a converter-se no Todo, a chegar ao Nirvana.

Portanto, convém esclarecer o falso conceito que se atribui ao budismo: se Buda fala do não-eu, não se refere a uma eliminação do Ser, nem é o reflexo de um ceticismo fatal. Pelo contrário, busca a eliminação da dor, a superação do eu pessoal, do quaternário que restringe, indubitavelmente, as potencialidades da alma.

Existe uma trilha que conduz, à libertação. Buda a percebeu depois de compreender as Quatro Nobres Verdades, que precisamente encerram o Nobre Óctuplo Caminho.

* A Primeira das Quatros verdades refere-se à dor. sem dúvida, desde o nascimento toda a vida produz dor, pois a essência do Ser, se não descende à matéria, não é afetada por nada.
Recorremos ao Bhagavad Gitâ quando nos fala do espírito dizendo que é impermeável, incombustível, indestrutível...

* A Segunda é a Nobre Verdade sobre a causa da dor. A causa da dor radica no fato de que o homem toma a ilusão por realidade e se esforça para possuir e conservar objetos que estão destinados a extinguir-se. A dor provém de dirigir as energias a um mundo sempre oscilante, nós, que contemplamos mudos de angústia como o tempo escorre pelos nossos dedos.

* A Terceira é a Nobre Verdade sobre a cessação da dor. Quando essa " sede de vida" que temos é canalizada ao nosso Eu Superior, a dor cessa. Quanto mais desejamos, quanto mais trabalhamos em busca de uma recompensa, mais Karma carregamos em nossa balança. esse Karma obriga-nos a começar novamente, até que chegue o momento em que compreendamos como parar essa roda através da Reta Ação, o total desapego, o ajuste perfeito com a lei.

* A Quarta é a Nobre Verdade sobre o caminho que conduz à cessação da dor: o Nobre Óctuplo Caminho, que é formado por:

Reta opiniões.
Retas intenções.
Retas palavras.
Reta conduta.
Reto meio de vida.
Reto esforço.
Reta atenção.
Reta concentração.

Meditemos seriamente sobre o Nobre Óctuplo Caminho. Talvez pareça constituído por estranhas regras morais que já não têm sentido em nossa época. Porém, esse Caminho não foi concebido para o homem temporal nem para uma moral de costumes. É o caminho que leva o homem, à sua própria imortalidade.

Quando encontramos diante uma doutrina de tanta transcendência e tão fora de época, é necessário que nos coloquemos além das pressões que exerce o momento atual, para captar aquilo que não é velho nem novo, porque é eterno. Já não se trata de sectarismo nem de idéias religiosas determinadas; trata-se de algo que diz respeito ao Ser. E o Ser não está catalogado em nenhum tipo de crença de época.

Os Ensinamentos de Buda

Buda jamais compilou nem escreveu seus ensinamentos. Isso foi tarefa de seus discípulos, realizada 400 anos após sua morte, estimada em 543 a.C. Os ensinamentos budistas mais puros estão no cânone Pali, que recebeu o nome de Tripitaka (três cestas)
 devido, talvez, ao fato de que os preceitos fossem guardados em diferentes cestas na medida em que eram escritos e de acordo com seu tema.

O Tripitaka divide-se em:
Sutta-Pitaka - Livro dos Ensinamentos; 
Vinaya-Pitaka - Livro dos Preceitos Morais
Abhidharma-Pitaka - Livro de Psicologia e filosofia.

Por sua vez, cada uma divide-se em outras seções. O livro que nos interessa, o Dhammapada, pertence ao Sutta-Pitaka. Contém 423 estâncias com 26 pequenos capítulos cada uma.

A compilação desses preceitos morais era a tarefa preferida dos monges na estação das chuvas. Representa o homem que, impedido de atuar para fora, fecha-se em seu próprio ser para dedicar-se à construção de uma moral elevada.

O que podemos extrair desses antigos ensinamentos gravados em folhas de palmeira, tantas vezes mutilados, alterados, tantas vezes traduzidos? Muito simples: devemos tirar sua essência, aquilo que perdura através dos tempos, apesar das mudanças, assim como nós, que continuamos sendo os mesmos, apesar das mudanças e transformações de nosso corpo.
  



Os Grandes Mestres souberam acender uma tocha para iluminar o caminho da superação, pelo qual avança o homem. Saibamos, portanto, aquietar nossa mente e perceber com os olhos da alma essa luz que brilha para todos os que queiram segui-la.

Lembremos que o Buda, o perfeito Desperto, o Iluminado, o merecedor do eterno repouso e da glória do Nirvana, renunciou a tanta magnificência para continuar sustentando a lâmpada que guia a humanidade.

Conta a história que semelhante renúncia comoveu a natureza, incapaz de suportar tanta grandiosidade. Por um instante, façamos eco dessa comoção e deixemos que essa Verdade nos penetre, como faz a chuva na terra sedenta.

E assim, geração após geração, essa jóia da literatura Pali brinda os filhos da Ásia, e progressivamente do Ocidente, trazendo paz interior e estímulo no longo Caminho da Libertação.

Nivel I ( Nova Acrópole).





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